Disgrafia: saiba o que é, suas causas, sintomas e tratamentos

Saiba mais sobre a disgrafia, entendendo como se manifesta e quais as formas de tratar o problema que afeta o desenvolvimento das crianças no ambiente escolar.

Na trajetória educacional das crianças há um aspecto crucial que demanda atenção e sensibilidade dos pais: a identificação precoce de possíveis transtornos que possam impactar o desenvolvimento dos pequenos.

Nessa jornada repleta de descobertas e desafios, os pais desempenham um papel fundamental ao discernir comportamentos que podem indicar a presença de obstáculos, como a disgrafia. Classificada como um transtorno específico da aprendizagem, ela afeta a habilidade da criança em realizar a escrita de maneira fluente e legível. 

Neste artigo vamos entender o que é a disgrafia, seus sintomas, causas e as opções de tratamento disponíveis, fornecendo aos pais o conhecimento necessário para apoiar seus filhos em sua jornada educacional.

O que é disgrafia?

A disgrafia é um transtorno específico da aprendizagem que impacta diretamente a habilidade da criança em produzir uma escrita legível e coerente. Sob essa perspectiva, ocorrem alterações na estruturação das palavras, que se refletem na ilegibilidade da caligrafia, e também impactam a habilidade ortográfica do indivíduo.

Tendo em vista a sua natureza neurológica, a disgrafia é categorizada no mesmo grupo de outros distúrbios de aprendizagem, como a dislexia, que afeta a capacidade de leitura, e a discalculia, que compromete a interpretação numérica. Vale notar que esse transtorno não está restrito a uma única manifestação, e embora compartilhe semelhanças com outras condições, possui suas características próprias.

Vale ressaltar que, embora não seja exclusiva deste grupo, a disgrafia é relativamente comum em pessoas que apresentam o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). A junção entre essas condições demonstra a complexidade do funcionamento neurológico e a influência que múltiplos fatores podem exercer sobre o desenvolvimento cognitivo e motor.

Tipos de Disgrafia

A disgrafia pode se apresentar de várias formas, afetando diferentes aspectos da habilidade de escrever e se comunicar por escrito. As áreas afetadas podem abranger a caligrafia, a ortografia, a coerência textual e até mesmo a dificuldade em traduzir pensamentos e ideias para o papel. Em geral, aqueles que lidam com o transtorno também podem enfrentar dificuldades em concluir tarefas de escrita, levando mais tempo do que o esperado para finalizar textos ou tarefas escolares.

Vejamos a seguir os tipos de disgrafia:

  • Maturativa: esse tipo está associado às dificuldades encontradas durante o período de aprendizagem da escrita. Crianças em fase de desenvolvimento podem enfrentar obstáculos ao tentar aprender as habilidades básicas da escrita, como a formação correta das letras e a organização das palavras no papel.
  • Adquirida: a disgrafia adquirida surge como resultado de um ensino inadequado ou, em alguns casos, de uma lesão cerebral. Pode ocorrer quando uma pessoa que já havia adquirido habilidades de escrita começa a apresentar dificuldades devido a uma mudança no método de ensino ou após um trauma cerebral.
  • Perceptiva: a dificuldade reside na conexão entre os símbolos (letras e palavras) e seu significado. A criança pode enfrentar desafios em compreender como os elementos escritos representam as ideias e os conceitos.
  • Motora: envolve dificuldades na coordenação motora fina, que é necessária para realizar os movimentos precisos para reproduzir as formas gráficas das letras e palavras. Isso pode resultar em letras mal formadas, irregularidades no tamanho das letras e dificuldades em manter um padrão fluido de escrita.
  • Espacial: aqui, o foco recai sobre a forma de escrever as palavras e a organização espacial das letras no papel. Indivíduos com disgrafia espacial podem apresentar dificuldades em manter o alinhamento correto das letras, espaçamento uniforme entre as palavras e proporções adequadas.

Cada tipo de disgrafia traz desafios específicos que podem impactar a aprendizagem e a expressão escrita. A identificação precoce do tipo específico permite que os pais intervenham de modo mais direcionado, ajudando os pequenos a superar as barreiras impostas por essa condição e a alcançar seu pleno potencial acadêmico e comunicativo.

Quais são os principais sintomas da disgrafia?

Identificar a disgrafia requer uma compreensão dos sintomas associados a esse transtorno. O reflexo mais visível dessa condição se manifesta no aspecto visual dos números, letras, palavras e símbolos, frequentemente resultando em textos ilegíveis.

Durante a infância, isso pode levar a interpretações equivocadas da disgrafia, como uma simples letra feia, pressa para concluir tarefas escolares ou falta de atenção. No entanto, tais interpretações errôneas podem ser prejudiciais, afetando a autoestima da criança e a abordagem adequada para lidar com a questão.

Confira abaixo uma lista dos sintomas mais perceptivos:

  • Letra ilegível.
  • Traços irregulares que podem ser excessivamente fortes, “afundando” o papel, ou muito fracos.
  • Espaçamentos irregulares entre as palavras.
  • Sensação de cansaço físico após escrever.
  • Tamanhos de letras desproporcionais, variando entre muito grandes e muito pequenas.
  • Escrita desorganizada e desalinhada.
  • Confusão entre letras semelhantes.
  • Ausência de letras em palavras.
  • Postura inadequada ao escrever.
  • Dificuldade em segurar o lápis ou a caneta de forma adequada.
  • Falta de noção sobre o espaço das margens e linhas do papel.

É importante estar atento para identificar a disgrafia o mais cedo possível. Dessa maneira, as dificuldades podem ser abordadas e a criança pode ser gradualmente integrada ao contexto social, evitando que essa condição tenha um impacto significativo no seu aprendizado. 

Um teste simples pode ser realizado e dar algumas pistas sobre essa questão: Pedir para a criança escrever frases em uma folha em branco. Observar cuidadosamente a velocidade da escrita e avaliar a presença de irregularidades nas letras, como subidas e descidas desiguais. Se essas características se manifestarem, existe a possibilidade de a criança ter disgrafia. No entanto, é fundamental buscar a orientação de especialistas para um diagnóstico preciso e eficaz.

Outro ponto fundamental é não confundir um estudante com disgrafia, cuja escrita é indecifrável ou notavelmente diferente do padrão, com um aluno que está enfrentando dificuldades relacionadas às primeiras etapas do desenvolvimento da escrita. Portanto, é necessário distinguir características isoladas das que se agrupam, indicando verdadeiramente a presença da condição.

Quais são as possíveis causas da disgrafia?

Antes de falar do que pode causar a disgrafia, é importante salientar que ela não se trata de um problema de cognição e não está associada a deficiências intelectuais, tampouco à falta de esforço ou preguiça por parte do aluno. Também não podemos confundir a disgrafia com o TDAH ou a dislexia, pois cada um dos distúrbios apresenta causas distintas e tratamentos específicos.

Quanto às possíveis causas da disgrafia, apresentamos as 3 principais:

Causas Maturativas

Alterações na eficiência motora, equilíbrio e lateralidade estão entre as causas maturativas da disgrafia. Esses fatores podem influenciar diretamente a coordenação necessária para escrever de forma fluente e legível. Problemas nesse aspecto podem dificultar a conexão entre o pensamento e a ação motora durante a escrita.

Causas Caracteriais

Essas estão associadas à personalidade da criança e fatores emocionais. Aspectos psicológicos e socioemocionais podem desempenhar um papel importante na manifestação da disgrafia. O estresse, a ansiedade e outros desafios emocionais podem impactar negativamente a habilidade de escrever, resultando em irregularidades na caligrafia e estrutura das palavras.

Causas Pedagógicas

Aspectos ligados ao processo de ensino e aprendizado também podem ser fatores desencadeantes da disgrafia. Formas inadequadas de ensino, uso de instrumentos inadequados e uma abordagem pedagógica que não está alinhada com as necessidades da criança podem contribuir para o desenvolvimento desse distúrbio. Velocidade inadequada na introdução das habilidades de escrita também pode ser um fator.

À medida que exploramos as causas da disgrafia, fica evidente que essa condição é o resultado de uma interação complexa entre fatores neurológicos, emocionais e pedagógicos. Identificar a causa específica em cada caso é essencial para direcionar as intervenções e apoio adequados.

Nesse sentido, os profissionais da saúde e da educação desempenham um papel fundamental na avaliação e no tratamento da disgrafia, garantindo que cada criança receba a ajuda necessária para superar os obstáculos associados a essa condição e alcançar seu pleno potencial.

Quais são as opções de tratamento disponíveis?

Para os pais, é importante compreender que, uma vez que a disgrafia não se caracteriza como uma doença, essa condição não pode ser “curada”. No entanto, existem métodos que podem servir como tratamento para amenizar os sinais desse transtorno e contribuir para uma melhoria na escrita das crianças. 

Esse tratamento geralmente é conduzido por um profissional especializado na área pedagógica, por meio de atividades específicas realizadas fora do ambiente escolar. Porém, é essencial que os professores estejam cientes da condição, a fim de não repreender a criança e até mesmo para considerar a possibilidade de adaptar avaliações para acompanhar seu progresso. 

Além desse acompanhamento profissional, estímulos adicionais, muitas vezes vindos dos pais ou responsáveis, podem desempenhar um papel crucial no tratamento da disgrafia. Algumas estratégias incluem:

  • Incentivar a prática diária: motivar a criança a escrever no dia a dia, envolvendo-a em atividades como fazer listas de compras para o supermercado ou anotar as tarefas do dia, por exemplo.
  • Atividades criativas: criar brincadeiras que incluam canetas e papel, estimulando o uso desses materiais de forma criativa e descontraída.
  • Reforçar as conquistas: valorizar cada melhoria observada na escrita, promovendo um ambiente positivo que fortaleça a autoestima da criança.
  • Abordagem positiva: evitar repreensões por questões relacionadas à disgrafia, contribuindo para um ambiente acolhedor e livre de pressões.
  • Coordenação motora: introduzir atividades e exercícios que aprimorem a coordenação motora no cotidiano, auxiliando no desenvolvimento das habilidades motoras finas necessárias para a escrita.
  • Prática guiada: incentivar a escrita em folhas pautadas e cadernos de caligrafia, proporcionando uma orientação visual para a formação das letras.
  • Cadernos de caligrafia: Estimular o uso de cadernos de caligrafia para mais do que apenas a escrita, incentivando a criança a praticar desenhos simples, como bolinhas, risquinhos e ondinhas.

Importância do apoio familiar

Reconhecer o papel da família na superação dos desafios da disgrafia é parte vital do processo. Oferecer segurança, apoio e acolhimento à criança é fundamental. Além disso, a participação ativa na vida escolar dos filhos, acompanhando suas tarefas e avaliações desde cedo, contribui significativamente para a superação dos desafios que a condição apresenta. E lembre-se: quanto mais cedo o problema for identificado, menor será o impacto no desenvolvimento e no processo de aprendizado da criança.

Ensino Fundamental 1 - do 1º ao 5º ano

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23/11/2023
Kélen Oliveira